Não poderia acontecer em outro país senão na Itália o maior evento mundial do setor de vinhos. O famoso Vinitaly chegou à sua 48ª edição batendo recorde: 155 mil pessoas passaram pela enorme estrutura da feira em Verona.
Eu estive por lá na última terça-feira para conferir as novidades. É o meu segundo ano de Vinitaly. A feira é gigante. São 100 mil metros quadrados, espaço dividido entre 4100 expositores de todas as regiões da Itália e alguns países do exterior. Cada região tem seu pavilhão. A gente nem pode imaginar a quantidade de vinhos diferentes que são produzidos de norte a sul deste país. O Vinitaly oferece a oportunidade de sair da zona de conforto dos vinhos já conhecidos e experimentar coisas novas, escutar todos os sotaques possíveis e se deliciar com a diversidade da Itália.
O Vinitaly na verdade é um grande salão de negócios. Na Itália o setor enológico fatura anualmente 12 bilhões de euro e dá trabalho a 1 milhão e 200 mil pessoas. Em tempos de crise, são números ainda mais importantes. O consumo interno tem sofrido uma queda significativa, mas os números da exportação reforçam o poder do vinho italiano. Em 2013 o faturado foi de 5 bilhões de euro (+7,3% em respeito a 2012). Os principais países compradores são Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Rússia. Muitos produtores são otimistas quanto à venda de vinho no mercado brasileiro, mas encontram problemas com as altas taxas e outras dificuldades no processo.


Morando no Vêneto, acabo ficando muito presa aos vinhos típicos da minha região como o prosecco, raboso, soave só para citar alguns. Aproveitei o Vinitaly para experimentar alguns vinhos do sul e explorar regiões como Puglia, Campania e Sicília. Dos vinhos da Puglia um dos meus preferidos é o primitivo. A região produz também ótimos vinhos brancos com as uvas falanghina e malvasia.

Este ano o Vinitaly dedicou um espaço especial a produtores de vinho biológico certificados segundo os regulamentos da União Europeia. Eu estive com a senhora Brigida, da vinícola Colli della Murgia, de Bari (Puglia). A empresa agrícola da sua família procura exaltar a tradição, os valores e a história do território utilizando técnicas da agricultura sustentável.
Outra ponto interessante do Vinitaly é a personalização dos stands. Os projetos são bacanérrimos. Imaginem só: competir a atenção dos visitantes com mais de 4000 expositores. As vinícolas com mais recursos investem em espaços incríveis e capricham na decoração.


Além dos vinhos, o Vinitaly tem um pavilhão dedicado à gastronomia, o Sol&Agrifood, com stands de especialidades da agricultura italiana, mas com atenção especial ao azeite de oliva.
No pavilhão da Toscana visitei o stand do Roberto Cipresso, um dos maiores wine makers italianos. Ele colabora com diversas vinícolas do mundo, inclusive com a Bueno wines, do nosso compatriota Galvão Bueno. Fui recebida pelo simpático Alex Reiller, que gerencia a marca. Alex me contou que os vinhos são produzidos no sul do Brasil, com técnicas e expertise de grandes mestres do vinho a nível internacional, entre eles Cipresso. A Bueno está investindo pesado na produção de vinhos de excelência. Vou fazer um post sobre os vinhos deles, podem aguardar.


Visitei também meus amigos do Vêneto da vinícola Montelvini, com a qual tive o prazer de colaborar por um período enquanto frequentava meu master em Cultura da Alimentação e do Vinho pela Universidade Cà Foscari de Veneza. A especialidade deles é o prosecco de Asolo, um tipo de prosecco que é produzido no território desta charmosa cidade da qual já falei por aqui. A Montelvini propôs uma degustação especial de um dos proseccos de sua linha harmonizado ao queijos dos nossos velhos conhecidos da Latteria Perenzin. Maravilhoso!
Bom, gente, eu teria ainda muito material sobre o qual falar e muita foto para mostrar, mas como não quero cansar ninguém paro por aqui. Foi muito especial participar desta edição do Vinitaly para cobrir o evento para o blog. Depois de muita conversa, várias taças de vinho e muitas degustações eu vos deixo com uma foto que representa bem como muitas pessoas se sentem depois de uma verdadeira maratona de Vinitaly. Tin tin e salute!!!